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O sorriso por trás da máscara – Heleno: a alegria na missão de ajudar

Heleno Santos, 46 anos. Coordenador de manutenção, obras e serviços no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC). Há seis anos na unidade, nunca pensou que enfrentaria uma pandemia.

Heleno Santos, 46 anos.

Heleno já passou pelo cargo de presidente do Sindicado dos Servidores da Universidade de Pernambuco (SINDUPE) sendo o responsável pela compra do terreno onde hoje é a sede da organização. Mesmo passando por muitos cargos dentro da Universidade de Pernambuco, ele conta que a pandemia mudou drasticamente o trabalho e que nunca passou por nenhuma situação parecida. “Nossa equipe precisou aumentar. Tínhamos uma equipe de 24 profissionais para cuidar de toda a parte estrutural do hospital e essa quantidade subiu para 48 por conta da pandemia. Tivemos que reformar as enfermarias às pressas”, lembra.

“Eu estava no carnaval quando recebi uma ligação do hospital informando que o primeiro paciente com COVID havia chegado (no HUOC) e desse dia em diante a gente não teve mais paz. Era uma correria todo dia”, relata Heleno falando sobre o início da pandemia no ambiente de trabalho. Ele conta que um dos maiores desafios no início foi ter que lutar para salvar vidas e ao mesmo tempo ver o presidente da república defendendo medidas sem comprovação científica. “Eu me obriguei a não adoecer da mente porque eu sabia que, se isso acontecesse, minha equipe iria desempenhar um papel aquém do que ela poderia”.

“Eu me obriguei a não adoecer da mente porque eu sabia que, se isso acontecesse, minha equipe iria desempenhar um papel aquém do que ela poderia”.

Ele conta que sempre teve um viés político muito forte e que, mesmo vendo o presidente do Brasil não investindo em soluções para a melhoria da nação diante da pandemia, isso o deixou com mais força e disposição para continuar e lutar.

“Perdi amigos do hospital para a COVID. Pessoas muito queridas. Passar por isso foi muito difícil”, afirma. Heleno diz que uma das pessoas era funcionária do Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco (IAUPE). Essa mulher salvou o bebê, mas não resistiu. Ela estava grávida. “Perdi pessoas muito queridas ao longo da pandemia. Amigos de vida política. José Inácio (o Zezinho), Moacir… Pessoas que eu militei a vida toda no movimento sindical”, relata.

O antes e o depois…

“Eu fiquei mais sensível. Comecei a dar mais valor à vida e fiquei mais consciente do nosso papel como ser humano diante da sociedade”, afirma Heleno quando perguntado sobre o que mudou nele com a vivência na pandemia. “Em tudo temos o lado positivo e o lado negativo. Dessa pandemia temos que tirar o aprendizado que a gente teve no lado negativo”, diz Heleno. “Acho que quando a gente sair completamente (da pandemia), vamos ser outras pessoas. Não tem como sair igual dessa situação”, completa.

“Acho que a pandemia nos aproximou mais do lado humano.”

“Eu me orgulho do profissional que sou, mas reconheço minhas dificuldades. Eu sou uma pessoa muito pé no chão”, diz Heleno sobre o trabalho que desempenha no hospital. “Eu me sinto muito feliz em ajudar. Gosto muito dessa função que eu chamo de missão”, completa.

Heleno fica responsável por coordenar a equipe que organiza os leitos e toda a parte de infraestrutura da unidade. Ele diz, com alegria, que é muito bom organizar tudo para o paciente ser recebido e vê-lo se recuperar. “Pra mim é motivo de muita gratidão e alegria”, conta.

Sobre o trabalho da direção do hospital frente à pandemia, ele parabeniza o desempenho e diz que, em trinta e três anos dentro do hospital, nunca viu a unidade agir tão rápido e de forma tão satisfatória diante de um problema como dessa vez. Ele fala também das conquistas que o HUOC teve com dinheiro próprio. Por ser sindicalista e muito ligado à política, ele fala com orgulho sobre o respeito que a unidade hospitalar conseguiu formar na sociedade ao longo dos anos. Ele também elogia o trabalho do SINDUPE. Para ele, seria impossível chegar onde se está hoje sem a ação do sindicato.

A esperança…

“Eu vejo o futuro com muito otimismo. Acho que, com a chegada da vacina, tudo vai melhorar. Aqui no hospital eu e minha equipe já desativamos várias unidades de internação para a COVID. Hoje só temos a UTI Júlio de Melo para receber pacientes de COVID-19”, diz ele com um ar de otimismo e sorriso no rosto.

“Aqui no hospital eu e minha equipe já desativamos várias unidades de internação para a COVID.”

“É muito bom passar por um amigo e saber que ele foi intubado, mas hoje está bem e se recuperou”, destaca.

A mensagem que ele deixa para a sociedade é: “Sejam pacientes. Sejam humildes. Nada é por acaso. Estamos saindo dessa situação mais fortes e mais experientes. Faça o certo agora que a colheita vem na hora certa.”

Apesar de todas as lutas diante da pandemia, Heleno consegue sorrir, agora, mesmo por trás da máscara.