O ato reuniu servidores de vários setores da universidade
O SINDUPE realizou na manhã desta terça-feira (12) um ato público em frente a reitoria da UPE, no bairro de Santo Amaro, Recife. Reunindo faixas, cartazes e servidores de diversas áreas da universidade a ação teve o intuito de cobrar do Governo do Estado a resstruturação do PCCV dos servidores da UPE e a contratação de concursados. Givanildo Cândido, secretário geral do SINDUPE, fez um apelo sobre o assunto. Assista.
Ato contou com a presença de servidores, integrantes do DCE, diretores do sindicato e a diretora executiva do Oswaldo Cruz, Izabel Avelar
O SINDUPE realizou um ato público na
manhã desta quinta-feira (31) em frente ao Hospital
Universitário Oswaldo Cruz para reivindicar a chamada
dos aprovados no concurso de 2017 da UPE.
A movimentação teve início por volta das nove horas e
contou com a presença de diretores do sindicato,
integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE),
da diretora executiva do hospital, Izabel Avelar, além
de servidores. A professora fez uma fala sobre a luta
do SINDUPE junto à categoria. Assista.
Servidores se uniram em frente às unidades hospitalares e de ensino pedindo pela reestruturação do PCCV
Nesta quinta-feira (18) aconteceu a primeira ação da campanha #lutopelopccv e quem apoiou o mobilização foi o vice-reitor da UPE, José Roberto. Acompanhe neste video.
Na tarde desta quinta-feira (02) o deputado João Paulo foi recebido na sede do sindicato para discutir a aplicação da reestruturação do PCCV dos servidores técnico administrativos da UPE.
A diretoria do SINDUPE detalhou o histórico da luta e as mudanças que têm que ser feitas para que o trabalhador seja valorizado em sua carreira.
O deputado declarou apoio ao pleito da categoria e foi encaminhado também a solicitação de uma audiência pública na ALEPE, onde João Paulo irá viabilizar a tramitação na casa para realização desta audiência.
Assim que a audiência for agendada, o SINDUPE irá convocar a categoria para participar, e em grande número de servidores fazer uma forte participação na assembleia.
SINDUPE participa de reunião com reitora da UPE para tratar da reestruturação do PCCV
Diretores do SINDUPE participaram nesta segunda-feira (27) de uma reunião com a professora Socorro Cavalcanti, reitora da UPE, para tratar sobre a reestruturação do PCCV. No encontro, foi falado sobre o histórico de toda trajetória por esta reestruturação e ficou encaminhado que a reitora irá mandar um ofício à Governadora, SAD, SECTI e deputados estaduais. O intuito dessa ação é solicitar uma reunião com cada um deles para tratar desta valorização ao servidor da UPE.
Além dos diretores do SINDUPE, servidores da base, integrantes da Comissão na luta pela aprovação da reestruturação do PCCV participaram da reunião.
ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA COM SERVIDORES DA UPE.
ABAIXO OS PONTOS DA PROPOSTA PAUTA CAMPANHA SALARIAL 2023 a serem aprovadas na assembleia de 01/03.
1. CORREÇÃO DOS VALORES DOS ITENS DESTA PROPOSTA QUE TEM REPERCUSSÃO NO SALÁRIO BASE. (ATUALIZAR PERCENTUAL PARA 2023)
2. ISONOMIA ENTRE SERVIDORES DE NÍVEL SUPERIOR.
3. REDIMENSIONAMENTO DAS GRADES E MATRIZES SALARIAIS DOS AUXILIARES E ASSISTENTES TÉCNICOS EM GESTÃO UNIVERSITÁRIA, SIMETRIA ENTRE FAIXA INICIAL DOS CARGOS DA UPE.
4. REENQUADRAMENTO POR TEMPO DE SERVIÇO DE ACORDO COM O EFETIVO TEMPO DE SERVIÇO.
5. INCENTIVO À TITULAÇÃO E À CAPACITAÇÃO
6. ENQUADRAMENTO DE MATRIZ NO ATO DA POSSE CONFORME SUA QUALIFICAÇÃO/TITULAÇÃO EXIGIDA NO EDITAL DO CONCURSO.
7. CORREÇÃO DAS GRATIFICAÇÕES DE PLANTÃO E PERIGO LABORAL COM PERCENTUAIS VINCULADOS AO SALÁRIO BASE.
8. CRIAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO DE UNIDADE DE ENSINO E REITORIA.
9. GRATIFICAÇÃO DOS SERVIDORES INTEGRANTES DOS GRUPO OCUPACIONAL PARA PRECEPTORIA
10. CRIAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO DOS SERVIDORES INTEGRANTES DOS GRUPO OCUPACIONAL CARGO DE ADVOGADO
11. MANUTENÇÃO PERMANENTE DE CONCURSO VIGENTE.
12. REAJUSTE DE VALE REFEIÇÃO PARA R$ (ser definido no FSE) /VALOR NOMINAL POR DIA.
13. CRIAÇÃO DE GRATIFICAÇÕES PARA SERVIDORES LOTADOS NA EMERGÊNCIA, UTI’s E CONTAS MÉDICAS.
14. PAGAMENTO DO VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA.
15. AUMENTO NA GRATIFICAÇÃO DAS GERÊNCIAS.
16. RETORNO DO PAGAMENTO DO QUINQUÊNIO.
17. ENQUADRAMENTO NA ÚLTIMA CLASSE E FAIXA AOS SERVIDORES NA APOSENTAÇÃO.
18. CRIAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO PARA AUXÍLIO CRECHE/ESCOLA FUNDAMENTAL.
19. CRIAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO COMPENSATÓRIA, AUMENTANDO A GRATIFICAÇÃO DE PLANTÃO PARA SERVIDORES LOTADOS NO CISAM;
20. CRIAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO RELACIONADA À EXPOSIÇÃO A RISCOS OCUPACIONAIS;
21. DIFERENÇA ENTRE OS CARGOS SUPERIOR, MÉDIO E ELEMENTAR DE 70% e 50% RESPECTIVAMENTE, POR ANALOGIA AO PISO SALARIAL DA ENFERMAGEM.
22. GOZO DE DUAS FÉRIAS NO ANO PARA SERVIDORES EM EFETIVO EXERCÍCIO EM SETORES DE RADIOLOGIA E MEDICINA NUCLEAR.
Izabel fala que ter fé a ajudou a acreditar que tudo isso tinha um propósito. Ela diz que “não há como não acreditar que isso tudo teve um propósito”.
Izabel Avelar, 59 anos. Gestora executiva do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) há seis anos. Além disso, Izabel também é professora, sanitarista e epidemiologista. O desejo de trabalhar na área de saúde veio no meio da adolescência.
Desde que chegou no hospital, a gestora enfrentou vários desafios. Izabel conta que, com o início da pandemia em Pernambuco, o hospital já estava se preparando para o que viria, mas apesar do preparo, todos foram pegos de surpresa. “O desafio foi: preparar o hospital para receber essa carga enorme e trabalhar com os medos de todos”, conta. “Isso é totalmente justificável. Estávamos em um momento de muitas situações difíceis. Era tudo muito novo”, lembra ela.
“O desafio foi: preparar o hospital para receber essa carga enorme e trabalhar com os medos de todos”
Izabel diz que a pandemia fez com que toda a equipe do hospital fosse reformulada para dar conta da demanda de pacientes que chegava ao hospital a todo momento. “Tivemos o cuidado de dar o nosso melhor o tempo todo porque sabíamos que a nossa responsabilidade era, não só com o paciente, mas também com os familiares”, destaca. Sobre a situação psicológica, ela diz: “eu acho que não houve uma pessoa que não foi afetada psicologicamente com essa situação. Eu, particularmente, tive problemas com ansiedade e, acredito, que um pouco de depressão também.”
Uma das maiores dificuldades, segundo ela, foi a negação de grande parte da sociedade com relação à pandemia. “As pessoas negavam a ciência. Isso veio desde a presidência do país, até pessoas comuns”, destaca. Ela conta que ficou chocada porque soube que pessoas estão fraudando o cartão de vacina e pagando por isso ao invés de aceitar a imunização.
“Nós somos sobreviventes.”
“A pandemia veio para mexer com todos desde as crianças até os idosos”, diz. “Olhar as ruas e vê-las vazias e as pessoas usando máscaras me deixou com medo. Eu cheguei a ficar sem saber o que fazer”, conta. Ela recorda de um episódio em que precisou ir em uma farmácia e teve uma crise de pânico antes de entrar porque, segundo ela, em sua mente, a farmácia estava lotada.
Ela destaca que houve um momento no qual um paciente que estava muito debilitado mas conseguiu se recuperar e receber alta. “Eu fiquei muito feliz junto com a minha equipe quando fechamos os leitos de COVID”, relata.
O antes e o depois…
“O trabalho mudou completamente. A demanda foi maior. Hoje eu sou uma outra pessoa e vejo que precisamos de uma sociedade mais justa e mais empática”, destaca. “Apesar de toda a parte ruim da pandemia, hoje eu posso dizer que passei por uma pandemia e fiz algo pela sociedade. E isso é muito gratificante”, pontua.
Na parede da sala onde fica Izabel, ficam colados todos os planos diários para o momento de crise. A cada dia, a quantidade e o conteúdo dos papéis mudam.
Izabel fala que ter fé a ajudou a acreditar que tudo isso tinha um propósito. Ela diz que “não há como não acreditar que isso tudo aconteceu por um motivo”.
Ela elogia o trabalho do hospital frente à pandemia e diz que conseguiu ver a unidade sendo protagonista no meio da batalha contra a COVID-19. “No princípio todo mundo se assustou. Uns chegaram e se disponibilizaram para ficar na linha de frente e outros não quiseram. E eu compreendo os dois lados. Cada um conhece seus limites. Mas todo mundo viu o poder do nosso hospital”, enfatiza.
A esperança…
“O que me faz sorrir hoje é a existência da vacina. Eu consigo sorrir quando vejo que muita gente vê que o negacionismo foi a pior coisa que aconteceu em nossas vidas. Eu fico feliz quando vejo as pessoas naturalizando o uso da máscara e mantendo as medidas de proteção contra o vírus”, destaca Izabel.
A mensagem que ela deixa para a sociedade é: “precisamos de uma outra sociedade. Uma sociedade que seja mais justa e mais empática; que pense melhor em quem está elegendo. É necessário darmos as mãos e entender que precisamos mudar. Dessa forma vamos conseguir sobreviver”.
Apesar de todas as lutas diante da pandemia, Izabel consegue sorrir, agora, mesmo por trás da máscara.
"A pandemia reafirmou meu compromisso com a área que escolhi e destacou ainda mais a importância de ter empatia dentro da minha profissão”
Demétrius Montenegro, 51 anos. Infectologista e coordenador do serviço de infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC). Sempre teve o desejo de trabalhar na área de saúde. Ele conta que, quando pequeno brincava de fazer massagem nas pernas da avó que tinha problema de varizes. “Minha mãe conta que eu já mostrava que queria ser médico e que brincava sobre isso fazendo massagem nas pernas da minha avó”, conta.
Antes da pandemia chegar em Pernambuco, ele relata, o trabalho seguia o fluxo normal para a função. Quando os casos de COVID-19 começaram a surgir nos outros países, Demétrius se reuniu com a direção do hospital prevendo a chegada dos casos no estado. “Mesmo com essa previsão, os casos chegaram muito rápido e foram bem maiores do que o esperado. Em dois dias mudamos toda a estrutura (do HUOC) e isso foi impactante para todo mundo”, conta.
“Em dois dias mudamos toda a estrutura (do HUOC) e foi impactante para todo mundo.”
Demétrius tem outro vínculo em uma unidade de saúde que não é ligada à UPE, mas, por conta da demanda, ele foi cedido, com esse vínculo, para o hospital o que prova a magnitude e o impacto da pandemia em Pernambuco. “Viemos de uma preparação que não foi nada perto do que recebemos. Eu tive muito medo quando o primeiro caso chegou aqui no hospital. Quando fui examiná-la (a paciente) eu parei e refleti. Eu vi que ali tinha uma pessoa que estava com muito mais medo que eu. Então a partir desse momento eu perdi o medo”, conta o profissional.
“Foi muito cansativo. Foi muito pesado”, relata. Ele conta que, apesar de tudo isso, ele conseguiu manter o controle psicológico. Segundo ele, após sair do hospital e ir para casa, ele conseguia seguir todos os cuidados. Ele vive com a esposa e o filho. “O máximo que a gente fazia era entrar no carro e passear pela cidade. Nós seguíamos todos os protocolos”, conta ele, destacando que o processo foi ainda mais completo porque a esposa dele também é da área da saúde e, junto com ele, seguiu os protocolos à risca.
Sobre um momento marcante durante a pandemia, ele fala sobre o primeiro plantão trabalhando lado a lado com outras profissionais que eram novas no hospital. Na ocasião, o paciente teve uma parada respiratória e as duas não tinham tido, até o momento, nenhuma experiência parecida. O paciente precisou ser intubado, mas elas, conta ele com orgulho, “demonstraram muita coragem e profissionalismo”.
O antes e o depois…
Sobre toda a experiência frente à pandemia, Demétrius diz que sempre trabalhou ciente da possibilidade de casos parecidos com o da COVID-19. “Foi assim com a gripe, foi assim com o EBOLA. Eu sempre soube que isso poderia acontecer algum dia. Mas nunca pensei que seria dessa forma. A pandemia reafirmou meu compromisso com a área que escolhi e destacou ainda mais a importância de ter empatia dentro da minha profissão”, destaca.
“A pandemia reafirmou meu compromisso com a área que escolhi e destacou ainda mais a importância de ter empatia dentro da minha profissão”
O trabalho do HUOC, segundo ele, foi excelente. “O Oswaldo Cruz nasceu pra isso. Ele nasceu para combater esse tipo de situação. E cada dia que passa ele vem mostrando sua força e importância. Sempre foi um hospital que cumpriu o papel ao qual foi idealizado”, completa.
A esperança…
“A esperança surgiu desde que a primeira pessoa tomou a primeira vacina. Tivemos medo no início por conta da demora na chegada (das vacinas), mas estamos no caminho certo”, conta. “A gente fica mais animado, com certeza, mas ainda precisamos seguir os cuidados. A pandemia não acabou”, destaca.
“O que me faz sorrir é ver que os número estão caindo quando recebo os boletins diários sobre os casos de COVID no hospital. Isso me deixa muito feliz. A vida também me deixa feliz. Saber que estou bem e que minha família está tranquila e com saúde me faz muito feliz”, completa.
A mensagem que ele deixa é: “temos que acreditar na ciência e ter empatia com o próximo. Tendo isso como base é possível enfrentar qualquer guerra sanitária.”
Apesar de todas as lutas diante da pandemia, Demétrius consegue sorrir, agora, mesmo por trás da máscara.
"Era muito difícil sair na rua e ver tudo deserto e chegar no hospital para lidar com o desconhecido.”
Débora de Lourdes, 48 anos. Fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva de Doenças Infecto Parasitárias (UTI-DIP) no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC). Além disso, a profissional desempenha a mesma função na Unidade de Recuperação Cardiotorácica (URCT) pediátrica em outra unidade hospitalar ligada à Universidade de Pernambuco: o PROCAPE.
Débora de Lourdes, 48 anos. Fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva de Doenças Infecto Parasitárias (UTI-DIP) no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HOUC).
“Eu sempre me voltei para a área de saúde. Desde a adolescência. Eu nunca tive dúvidas sobre a área que queria seguir na vida profissional”, conta Débora, quando lembra de como entrou na área que escolheu seguir. Ela conta que, antes da chegada da pandemia em Pernambuco, a UTI-DIP já tinha leitos reservados para a COVID-19 desde o mês de janeiro, mas quando o primeiro caso chegou na unidade todos foram pegos de surpresa. Isso se deu, segundo ela, por conta da falta de contato de toda a equipe com a situação. “Era tudo muito novo”, conta.
“Foi muito difícil mentalmente, psicologicamente e fisicamente também. Quando os casos começaram a chegar, em massa, para a UTI, recebíamos pacientes com os pulmões bastante comprometidos que precisavam de um cuidado extremo”, relata. Ela diz que uma das coisas mais difíceis no início foi a adaptação com a paramentação. “Eu cheguei a ter lesões no rosto por conta da N95 (a máscara). A situação era tal que, às vezes, tínhamos vontade de ir ao banheiro e a gente evitava porque isso significaria que era necessário tirar a paramentação e depois colocar tudo de novo”, completa.
“Eu cheguei a ter lesões no rosto por conta da N95. […] às vezes tínhamos vontade de ir ao banheiro e a gente evitava porque isso significaria que era necessário tirar a paramentação e depois colocar tudo de novo”
Ela conta que uma das coisas mais marcantes em todo esse período foi quando a pronação se fazia necessária. Pronar o paciente consiste em posicioná-lo no leito com a barriga voltada para baixo. Débora conta que houve ocasiões de mais de trinta horas com o paciente sendo pronado devido à gravidade do caso. “Tínhamos um protocolo novo para tudo porque tudo no COVID é diferente dos outros casos. E isso gerou muito desgaste no início. Até serem criados protocolos fixos para os casos de COVID, nós tivemos que trocar ideias com outros profissionais e seguir o que era dito pelas autoridades de saúde”, relembra.
“Tínhamos um protocolo novo para tudo porque tudo no COVID é diferente dos outros casos.”
A fisioterapeuta tem a responsabilidade de utilizar métodos para reabilitar o paciente. Segundo ela, nem sempre a recuperação total é alcançada, mas o fisioterapeuta tem o papel de melhorar as condições físicas da pessoa que fica na UTI até o momento em que não precisa mais de um cuidado intensivo. Após isso ele é direcionado à enfermaria e fica lá até receber alta. Débora lembra que houve casos em que o paciente foi liberado da UTI e chegou na enfermaria com as condições quase perfeitas para receber alta.
Este é um dos respiradores que ficam dentro da UTI. Ele controla o fluxo respiratório do paciente.Essas são as válvulas que liberam oxigênio e ar comprimido nas quantidades necessárias ao paciente. Elas ficam ligadas aos ventiladores
Sobre a condições psicológicas devido ao trabalho, a fisioterapeuta conta que enfrentou dificuldades. Segundo ela, quando surgiu a pandemia, a insônia se tornou presente na rotina. Ela passou a dormir pouco e a ansiedade também aumentou. “Eu começava a sofrer com a ansiedade dois ou três dias antes do meu plantão”, conta. Débora vive com a mãe que tem hipertensão. Ela conta que foi muito complicado ter que mudar todo o funcionamento e comportamento.
“Cada vez que eu saía de um plantão eu saía com a sensação de que eu havia me contaminado.”
“Eu ia pra casa para encontrar minha mãe e meu irmão. Eu tinha que decidir todos os dias se permanecia em casa ou não. Eu perdi peso. Foram cinco quilos a menos. Isso nunca aconteceu comigo”, conta ela. “Houve um plantão que eu não consegui descer para atender os pacientes. Eu chorei muito. Eu fiquei descompensada. Também era muito difícil sair na rua e ver tudo deserto e chegar no hospital para lidar com o desconhecido”, relata.
A profissional fala de um personagem muito importante nesse processo e que também trabalha no HUOC: Pedro. Ele é psicólogo. Débora conta que Pedro a ajudou na hora de decidir se iria ou não sair de casa por conta do medo da COVID. “Eu tinha para onde ir. Duas amigas minhas me chamaram e disponibilizaram um espaço para dividirmos. Mas ele (Pedro) me ajudou a pesar os prós e os contras de qualquer que fosse a decisão”, conta.
“Após isso eu decidi que iria ficar em casa com minha mãe porque ela depende muito de mim. Mas pra isso foi necessária uma readaptação total. Tive que usar máscaras em casa, comer em mesas diferentes também; separei copos, pratos e talheres. Tudo foi reorganizado”, destaca. Débora fala com emoção de um momento, em casa, que olhou para a mãe no corredor e chorou porque não podia abraçar e conviver com ela da forma que estava acostumada.
Ela lembra de um paciente que chegou na UTI e em poucos dias foi a óbito. Ele era jovem, mas era obeso e não conseguiu se recuperar. Mas por um outro lado, ela conta, “houve momentos de muita alegria. Pacientes que chegaram aqui muito debilitados, mas que superaram a doença e saíram bem”, conta.
O antes e o depois…
“Eu sempre fui uma pessoa que gosta de cuidar. Já me peguei várias vezes prolongando o atendimento porque eu começava a conversar com o paciente e virava quase uma terapia. Isso era sem pensar. Sempre tive muito cuidado e empatia. Mas a Débora de hoje é muito mais corajosa. Sempre valorizei a vida, mas hoje eu valorizo muito mais. Eu vejo a importância de manter o contato com os familiares e amigos e falar sempre que possível”, diz ela.
Ela elogia bastante o trabalho do Hospital Universitário Oswaldo Cruz frente à pandemia. “Foi positivo. Foi decisivo. O hospital mudou e cresceu do dia para a noite se tornando um hospital aberto para pacientes de COVID. Eu nunca vi um hospital se estruturar dessa forma, em especial para a população mais carente”, destaca ela com orgulho na fala.
A esperança…
“O que me faz sorrir hoje são as vitórias que eu vi acontecer com os pacientes que tiveram alta, com os colegas que trabalho que tiveram perdas, mas conseguiram superar e ajudar outras vidas. Fico muito feliz em ver o amor sendo exacerbado nas famílias e na minha também. Nunca fui tão acolhida como fui nesse período. Eu recebia ligações de amigas e amigos falando ‘Débora, quando você quiser pode ligar’. Isso foi incrível”, lembra a fisioterapeuta falando sobre os motivos a fazem sorrir.
“Eu sofri preconceito por trabalhar na linha de frente. Algumas pessoas tinham medo de chegar perto de mim. Mas meu irmão me ligou falando que em casa ninguém tinha medo. E isso me deixou muito feliz.”
Ela deixa uma mensagem em forma de apelo: “já temos a vacina, mas é importante que ninguém deixe os cuidados contra a doença. Temos que continuar tendo cuidado. A pandemia é real. Então cuidem uns dos outros.”
Apesar de todas as lutas diante da pandemia, Débora consegue sorrir, agora, mesmo por trás da máscara.
“Eu me sinto muito feliz em ajudar. Gosto muito dessa função que eu chamo de missão."
Heleno Santos, 46 anos. Coordenador de manutenção, obras e serviços no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC). Há seis anos na unidade, nunca pensou que enfrentaria uma pandemia.
Heleno Santos, 46 anos.
Heleno já passou pelo cargo de presidente do Sindicado dos Servidores da Universidade de Pernambuco (SINDUPE) sendo o responsável pela compra do terreno onde hoje é a sede da organização. Mesmo passando por muitos cargos dentro da Universidade de Pernambuco, ele conta que a pandemia mudou drasticamente o trabalho e que nunca passou por nenhuma situação parecida. “Nossa equipe precisou aumentar. Tínhamos uma equipe de 24 profissionais para cuidar de toda a parte estrutural do hospital e essa quantidade subiu para 48 por conta da pandemia. Tivemos que reformar as enfermarias às pressas”, lembra.
“Eu estava no carnaval quando recebi uma ligação do hospital informando que o primeiro paciente com COVID havia chegado (no HUOC) e desse dia em diante a gente não teve mais paz. Era uma correria todo dia”, relata Heleno falando sobre o início da pandemia no ambiente de trabalho. Ele conta que um dos maiores desafios no início foi ter que lutar para salvar vidas e ao mesmo tempo ver o presidente da república defendendo medidas sem comprovação científica. “Eu me obriguei a não adoecer da mente porque eu sabia que, se isso acontecesse, minha equipe iria desempenhar um papel aquém do que ela poderia”.
“Eu me obriguei a não adoecer da mente porque eu sabia que, se isso acontecesse, minha equipe iria desempenhar um papel aquém do que ela poderia”.
Ele conta que sempre teve um viés político muito forte e que, mesmo vendo o presidente do Brasil não investindo em soluções para a melhoria da nação diante da pandemia, isso o deixou com mais força e disposição para continuar e lutar.
“Perdi amigos do hospital para a COVID. Pessoas muito queridas. Passar por isso foi muito difícil”, afirma. Heleno diz que uma das pessoas era funcionária do Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco (IAUPE). Essa mulher salvou o bebê, mas não resistiu. Ela estava grávida. “Perdi pessoas muito queridas ao longo da pandemia. Amigos de vida política. José Inácio (o Zezinho), Moacir… Pessoas que eu militei a vida toda no movimento sindical”, relata.
O antes e o depois…
“Eu fiquei mais sensível. Comecei a dar mais valor à vida e fiquei mais consciente do nosso papel como ser humano diante da sociedade”, afirma Heleno quando perguntado sobre o que mudou nele com a vivência na pandemia. “Em tudo temos o lado positivo e o lado negativo. Dessa pandemia temos que tirar o aprendizado que a gente teve no lado negativo”, diz Heleno. “Acho que quando a gente sair completamente (da pandemia), vamos ser outras pessoas. Não tem como sair igual dessa situação”, completa.
“Acho que a pandemia nos aproximou mais do lado humano.”
“Eu me orgulho do profissional que sou, mas reconheço minhas dificuldades. Eu sou uma pessoa muito pé no chão”, diz Heleno sobre o trabalho que desempenha no hospital. “Eu me sinto muito feliz em ajudar. Gosto muito dessa função que eu chamo de missão”, completa.
Heleno fica responsável por coordenar a equipe que organiza os leitos e toda a parte de infraestrutura da unidade. Ele diz, com alegria, que é muito bom organizar tudo para o paciente ser recebido e vê-lo se recuperar. “Pra mim é motivo de muita gratidão e alegria”, conta.
Sobre o trabalho da direção do hospital frente à pandemia, ele parabeniza o desempenho e diz que, em trinta e três anos dentro do hospital, nunca viu a unidade agir tão rápido e de forma tão satisfatória diante de um problema como dessa vez. Ele fala também das conquistas que o HUOC teve com dinheiro próprio. Por ser sindicalista e muito ligado à política, ele fala com orgulho sobre o respeito que a unidade hospitalar conseguiu formar na sociedade ao longo dos anos. Ele também elogia o trabalho do SINDUPE. Para ele, seria impossível chegar onde se está hoje sem a ação do sindicato.
A esperança…
“Eu vejo o futuro com muito otimismo. Acho que, com a chegada da vacina, tudo vai melhorar. Aqui no hospital eu e minha equipe já desativamos várias unidades de internação para a COVID. Hoje só temos a UTI Júlio de Melo para receber pacientes de COVID-19”, diz ele com um ar de otimismo e sorriso no rosto.
“Aqui no hospital eu e minha equipe já desativamos várias unidades de internação para a COVID.”
“É muito bom passar por um amigo e saber que ele foi intubado, mas hoje está bem e se recuperou”, destaca.
A mensagem que ele deixa para a sociedade é: “Sejam pacientes. Sejam humildes. Nada é por acaso. Estamos saindo dessa situação mais fortes e mais experientes. Faça o certo agora que a colheita vem na hora certa.”
Apesar de todas as lutas diante da pandemia, Heleno consegue sorrir, agora, mesmo por trás da máscara.